segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Classe “A gargalhada”, fora do eixo das pesquisas tradicionais

Os bastante ricos estão fora dos critérios utilizados para classificação de renda por institutos de pesquisa. Para enquadrar essa nova classe, publicitários, marqueteiros e pesquisadores acabaram de inventar uma nova categoria, bem diferenciada das classes A,B,C,D e E, já existentes: a classe A gargalhada.

O nome não vem da expressão de que rico ri à toa. É onomatopéico: AAA. E, por ser bem informal, a definição da renda dos “triple A”, acompanha uma nomenclatura já existente no mercado financeiro.

Para Antonio Fadiga, sócio da agência Fischer & Friends, a classe AAA tem pelo menos dois carros importados na garagem, casa na praia ou no campo e renda individual acima de R$ 50 mil.

"Hoje você fala em classe A e pensa no cara que tem carro zero na garagem, viaja para o exterior, tem filho na faculdade e um negócio", diz Fadiga. "Mas e se o carro é um 1.0, a viagem foi de pacote para o Paraguai, a faculdade custa R$ 400 e o negócio é um mercadinho? Aí você está falando do 'seu' Tião."

Para Renato Meirelles, presidente do Instituto Data Popular, a A gargalhada tem um caráter emergente: bolso de classe A e cabeça de classe C. “É o sujeito que tinha um mercadinho e hoje tem uma rede de supermercado. Gosta de cores primárias, Ferrari amarela. São essas pessoas que movem hoje o mercado de luxo."

CRITÉRIO BRASIL

"A A gargalhada está tão distante do resto da sociedade que nem entra nos critérios existentes de pesquisa", diz a publicitária Cristina Freire, consultora de planejamento estratégico.

Pelo chamado Critério Brasil (CB), definido pela Abep (Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa), o topo da pirâmide, a classe A1, tem renda familiar superior a R$ 11,48 mil. Mais ou menos o preço de um relógio Cartier ou de um terno Armani.

O CB define as classes com base na posse de bens, quantidade de banheiros, escolaridade do chefe de família e se tem empregada mensalista ou não. Hoje, porém, 68% dos jovens da classe C estudaram mais do que os pais. E ter computador e celular (itens não incluídos no CB) hoje diz mais sobre o consumidor do que a posse de um rádio.

"A proliferação do crédito acabou com o Critério Brasil", diz Meirelles. "O critério é uma pesquisa séria. Mas, como todo critério, é arbitrário."

Ainda que defasado, o CB continua sendo a principal referência para anunciantes e publicitários definirem a compra de mídia (espaço publicitário).

Meirelles defende o estabelecimento de outro critério, diferente também do critério de renda familiar do IBGE, para dar conta das mudanças socioeconômicas que estão ocorrendo no país: a renda per capita familiar.

"A renda familiar não distingue uma família de duas pessoas de uma de seis pessoas", diz Meirelles, que está contribuindo para o desenvolvimento de um novo critério de classificação socioeconômica para a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.

Vamos falar mais sobre isso?

Fonte: Folha online, 21 de agosto/2011

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